terça-feira, 7 de junho de 2011

Estado Terminal

Há quem diga que foi depois daquele vento. Todos os dias que o antecederam não demonstravam a menor de mudança em Suzana. Mas bastou aquele vento para que então alguma coisa dentro dela balançasse. De repente aquilo que se formou em um único orgão se espalhou para os outros. Foi tudo muito rápido: Primeiro atacou os pulmões e ela não conseguia mais respirar direito. De dia crises de falta de ar, a noite suspiros intermináveis. Depois o estômago começou a se agitar como as ondas que se formam ao sabor do vento. Agitação e dor. Não conseguia mais comer.  Os olhos ganharam olheiras e já não olhavam alguma coisa. Ela olhava para o nada, para o além. 
                A partir daí as coisas começaram a se complicar. Falta de ar, estômago comprometido, palidez, olhos distantes. Só podia ser febre. E não tardou para que a menina não conseguisse mais se concentrar em nada. Parecia que não havia nada no mundo que a prendesse por mais de dez segundos, nada que despertasse nela um sorriso, uma palavra. Porém como o estado febril era intenso ela as vezes sem algum motivo aparente sorria. Sorria olhando para o teto, sorria mesmo sem estar bem. Outras vezes chorava de modo sentido e baixo. Não havia dúvida, ela estava muito mal. Sucumbira ao amor.

Daniel/ junho de 2011

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